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        Aulas gratuitas de português para imigrantes e refugiados

        Aulas gratuitas de português para imigrantes e refugiados

        Apoio do Instituto Aracatu, do Programa de Diversidade, Equidade e Inclusão do Hospital Albert Einstein e do Projeto para Migrantes Internacionais – Espaço de Bitita 

        Foi concluído um ciclo do curso gratuito de língua portuguesa na ONG Estou Refugiado ministrado aos imigrantes e refugiados com o apoio de três instituições: Instituto Aracatu; Programa de Diversidade, Equidade e Inclusão Einstein (do Albert Einstein); e Projeto para Migrantes Internacionais – Espaço de Bitita. Terminamos a formação dos níveis 1 e 2 aos mais de 40 alunos que passaram pelo curso neste ano. 

        Encontramos vários desafios ao longo desse período, principalmente pelo fato de a maioria dos alunos não terem contato com a língua portuguesa como segunda língua, assim como também pela heterogeneidade das turmas, com diferenças multilíngues. Os alunos que concluíram essa etapa conseguiram alcançar níveis de proficiência satisfatórios, graças à disposição em adquirir o idioma e aos esforços da nossa equipe de professores voluntários.

        O Programa do Einstein, em conjunto com a Estou Refugiado, proporcionou a realização do curso de português neste ano.  O programa que atua em cinco frentes (Igualdade de gênero, LGBTI+, Pessoas com deficiência, Gerações e Etnias) promove um ambiente mais inclusivo em seu espaço de atuação, objetivando a concretização das metas elaboradas pela Agenda de 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) para um desenvolvimento sustentável.

        As coordenadoras do curso de português da Estou Refugiado, Iracema Guimarães e Eliane Borguetti, com o apoio do Instituto Aracatu, trouxeram muitos recursos metodológicos aos alunos que passaram pelas aulas, em sua maioria falantes de persa, além de outros falares como espanhol, inglês, russo e dialetos específicos. Esses alunos, que concluíram entre 27 e 84 horas de curso cada um, compartilharam experiências e informações, com trocas de aprendizado baseadas na cultura local e nos diferentes contextos de interação social que vivenciaram em sala de aula. 

        A qualificação obtida nos cursos de português será um diferencial não somente para o processo de adaptação da pessoa em estado de refúgio, como também para aumentar as chances de empregabilidade no país de acolhimento. As coordenadoras Iracema Guimarães e Eliane Borguetti contaram com a colaboração da equipe de professores composta pelos voluntários Maria José Pileggi, Marcello Queiroz, Ari Meneghini, Andréia Simon Mora e Rosângela Nobre.   

        O material de Português como Língua de Acolhimento (PLAC), desenvolvido e utilizado nas nossas aulas, teve por base o do Projeto para Migrantes Internacionais – Espaço de Bitita, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Espaço de Bitita, na região do Canindé, na Zona Norte de São Paulo. Iniciamos o curso com a parceria do Projeto Português Bitita, que é referência ao atendimento às crianças refugiadas matriculadas no ensino público,  aos seus pais e a migrantes internacionais. Utilizamos a experiência desse projeto como inspiração no acolhimento e na inclusão dos nossos alunos.

        O fluxo migratório na Zona Norte de São Paulo sempre foi contínuo, principalmente nos bairros do Pari e do Canindé. A EMEF Espaço de Bitita tem 799 alunos matriculados, com aproximadamente 38% dos alunos migrantes. 

        A ONG Estou Refugiado acredita no relacionamento entre as várias culturas, na interculturalidade. Queremos acabar com o preconceito, trazendo mais dignidade às pessoas em situação de refúgio.  A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus (Bitita), a homenageada da Espaço de Bitita, é o exemplo perfeito para compreendermos as adversidades que enfrentam os refugiados, mas, acima de tudo, a luta contínua por superação. 

        A escritora via no ato de escrever uma forma para sair da invisibilidade social. Escreveu o livro “Quarto de despejo” (1960), na favela do Canindé, trazendo o testemunho de uma literatura periférica com a visão de si e do acesso à cidade. A vida de Bitita é um símbolo de resistência e busca por justiça, as mesmas causas que a Estou Refugiado defende.

        Finalizamos este ciclo do curso de português na presença da cantora brasileira Fortuna, que esteve na sala de aula da Estou Refugiado, para uma roda de música em português com nossos alunos. A cantora nos mostrou o alcance das melodias, que transcendem as barreiras geográficas e nos levam para terras distantes. Escutamos um canto em português, que nos fez sentir o impacto da nossa cultura e ancestralidade. Foi um verdadeiro presente aos nossos alunos.