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        Literatura engajada na Flip 2023

        Literatura engajada na Flip 2023

        “História reais de mulheres em situação de refúgio no Brasil: Afeganistão, Moçambique, Venezuela, Ucrânia”

        Na histórica cidade de Paraty, aconteceu a 21ª Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), onde expusemos os relatos de quadro mulheres em situação de refúgio. Vimos uma Flip mais democrática e participativa seguindo os movimentos da homenageada do evento, Patrícia Galvão, a Pagu, uma mulher com personalidade disruptiva que, no final da década de 1920, transgrediu os principais valores da época quanto ao que era permitido ao gênero feminino. 

        Marca também o retorno presencial de um festival de grande importância não somente restrito ao cenário literário, mas ampliado ao político-econômico. Nesse sentido, a Estou Refugiado participou de debates e se posicionou sobre as principais questões que envolvem os refugiados no Brasil, como guerras, perseguições por diferentes razões (religião, política, grupo social, etnia, sexualidade), conflitos armados, problemas ambientais e violações de direitos humanos a partir das histórias trazidas. 

        Levamos um totem interativo à FLIP, com a pluralidade de relatos contidas nele, além do currículo de mais de 20 nacionalidades. Com ele, mostramos as diferentes realidades enfrentadas por indivíduos que buscam acolhimento em outros países, e também a sua sobrevivência e a preservação da cultura de um povo. Além do totem, divulgamos o primeiro livro da Coleção Estou Refugiado, “História reais de mulheres em situação de refúgio no Brasil: Afeganistão, Moçambique, Venezuela, Ucrânia”.

        Foram cinco dias de muitas atividades, do dia 22 ao 26 de novembro de 2023. Contamos com a colaboração de mulheres fortes com histórias impactantes, que deixaram um registro de luta nos dois debates dos quais participaram. O primeiro na Casa Publishnews, na rua do comércio, e o segundo no auditório da quadra, na praça da Matriz.  

        A primeira roda de conversas da ONG Estou Refugiado aconteceu na Casa Publishnews, onde escutamos Natalia Moroz (Ucrânia), Francis Salazar (Venezuela), Masuma Yavari e Zhara Karimi (Afeganistão), e Luciana Capobianco (fundadora da ONG) sobre o tema “Refugiadas no Brasil: histórias de vida e luta”. Elas tiveram a mediação de Ana Landi, diretora da Bella Editora, com a participação de Otávio Alabarse, psiquiatra e autor do livro “um divã no campo de batalha”, conta as experiências como médico sem fronteiras no Afeganistão.

        O segundo debate aconteceu no auditório da quadra, com o tema “Vozes femininas das fronteiras”, que foi mediado por Luciana Capobianco, com Zhara Karimi, Natalia Moroz, Francis Salazar e Masuma Yavari.              

        A cidade de Paraty foi o local perfeito para sentirmos as marcas do tempo e as relações de poder que se estabeleceram por gerações. Vimos a arquitetura imponente do período do ciclo minerador no Brasil, com os casarões centenários, a disposição estreita das ruas da cidade e os calçamentos de pedras irregulares, conhecidas como pé-de-moleque, construídas entre os séculos XVII e XVIII pelo trabalho escravo. Tudo isso em contraste com o século XXI, com o impacto da falta de energia elétrica e o calor intenso em pleno novembro, que ocorreram durante o festival. 

        Paraty representa parte da história do Brasil, construído pela migração e pelos povos de vários grupos sociais que coexistiram aqui. Foram muitos deslocamentos e migrações que já passaram nessa cidade, desde migrações forçadas como a tráfico de escravos, até as migrações exploratórias como a da extração dos minérios e matérias-primas, além das que formaram a cidade que conhecemos hoje. 

        Nesse sentido, Paraty resiste às marcas do tempo, apresentando as lutas e as resistências expostas no espaço geográfico, abrigando a literatura e as vozes que passaram por lá na FLIP 2023, principalmente as vozes de mulheres ainda silenciadas em muitos espaços.  A Estou Refugiado deixou seu registro, apresentando algumas dessas vozes dentre tantas outras silenciadas no Brasil e no mundo.