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        Nossos Parceiros – Bazares em SP: Refugiados empreendedores

        Nossos Parceiros – Bazares em SP: Refugiados empreendedores

        O empreendedorismo é uma realidade para a maioria dos refugiados que chegam ao Brasil em busca de acolhimento. Muitos são referência para quem quer empreender de maneira inovadora. Isso é o que acontece com três jovens mulheres afegãs que chegaram no início do ano ao Brasil: Forozan Sediqi, Rishtiya Noormal e Zahra Karime.   

        Elas foram acolhidas pela Estou Refugiado e, em comum, trazem as marcas do empreendedorismo, fora o olhar atento para as belas artes. São mulheres sensíveis à realidade que as rodeiam. Carregam sonhos, histórias e marcas deixadas pelas fugas repentinas em função de pressões, ameaças, e outros diversos fatores de perigo. As parcerias com pessoas em estado de refúgio podem trazer benefícios para ambas as partes.

        As afegãs participaram de dois bazares em São Paulo. O bazar da praça, que aconteceu na Casa Panamericana, no Alto de Pinheiros, e do Mercado da Anglo, no bairro de Perdizes. Elas levaram as peças trabalhadas em madeira e em resina, como também pinturas corporais em hena. Os bazares e as feiras acontecem periodicamente ao longo do ano em várias cidades do Brasil. São uma de muitas possibilidades de empreendedorismo, como o cultural, o gastronômico, o ensino de outro idioma, entre tantas ideias.    

        Uma das refugiadas empreendedoras é Forozan Sediqi, que nasceu em Cabul, no Afeganistão, em uma família de classe média de origem tadjique. Ela fez faculdade para se tornar professora de inglês, mas, em razão de sua aspiração artística, preferiu estudar gravuras entalhadas em madeira do estilo milenar Nuristani (Terra da luz). O design singular do trabalho entalhado Nuristani traz as marcas de parte da história do Afeganistão, especificamente da região oriental montanhosa cuja cultura foi preservada, apesar dos conflitos que assolam o país por décadas.

        Quando o Talibã retornou ao Afeganistão em 2021, Forozan Sediqi já tinha construído a própria marca de arte entalhada em madeira, que apresentava na Galeria de Arte do Nilo, em Cabul. Nessa galeria ensinou muitas mulheres o ofício, pois elas já não podiam mais trabalhar, ir à escola ou à universidade por imposição do novo regime. As mulheres foram bastante reprimidas com a volta do Talibã, que havia ficado 20 anos longe do poder no Afeganistão. Ela cresceu em um Afeganistão cujos sonhos eram possíveis de alcançar; diferente do atual.

        Teve que sair do país de maneira abrupta, pois o marido é de etnia Hazara, povo de origem turca e mongol, que sofre bastante discriminação étnica no país. Ela e o marido migraram para o Irã depois da chegada do Talibã, que não aceitava casamentos interétnicos. Desde então, eles se tornaram refugiados no Brasil. Ela gostaria de trazer a galeria de arte ao Brasil, além dos colegas de trabalho e de toda a equipe de Cabul.   

        Rishtiva Noormal (Aysha) veio também de Cabul, capital e cidade mais populosa do Afeganistão, com mais de 3 milhões de habitantes. Chegou com o marido, grávida de uma menina de 9 meses. A filha Omrah nasceu no Brasil, com possibilidades maiores que no país de origem. A decisão de migrar foi um projeto familiar para buscar alternativas mais equitativas, não só para a filha, mas para a família. 

        A economia de Cabul ficou bastante fragilizada em função dos vários conflitos que o país passou nas últimas décadas. O Brasil concedeu vistos humanitários para toda a sua família. Aysha vê com otimismo o futuro. No Brasil, ela consegue visualizar uma carreira como designer ou artista independente.            

        Já a fotógrafa profissional Zahra Karime faz parte do grupo de jovens fotógrafos que foram acolhidos pelo Brasil no final do ano passado. Ela participou do “Programa Jovens Fotógrafos” do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Sente familiaridade com as artes visuais, principalmente com a fotografia. Ela tem explorado a arte em resina, com formas abstratas que revelam o seu olhar poético sobre a vida.

        Antes de encontrar a fotografia, ela fez formação de doula e de parteira em 2018. Profissões bastante necessárias no Afeganistão, tendo em vista que o país tem uma das piores taxas de mortalidade materna e infantil do mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).