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        Coliving Goitacás: visita, conversas e pesquisa sobre o atual contexto de migração.

        Coliving Goitacás: visita, conversas e pesquisa sobre o atual contexto de migração.

        Estudantes do ensino médio do Colégio Oswald de Andrade visitaram o Coliving Estou 

        Refugiado 

        O Coliving da Estou Refugiado recebeu 22 alunos do Colégio Oswald de Andrade.  A visita faz parte das atividades complementares de três disciplinas do colégio (matemática, geografia e sociologia). Os estudantes fizeram uma pesquisa de campo que faz parte da Atividade Curricular de Aprofundamento sobre Populações e Movimento. Essa interdisciplinaridade tem o intuito de entender os fluxos migratórios no país, principalmente a situação de refúgio vista no coliving. 

        Eles desenvolveram uma pesquisa com base em análise de dados estatísticos realizadas com os afegãos que moram no coliving da Rua Goitacás. Foram coletados os dados para a pesquisa do projeto interdisciplinar da escola, respeitando os espaços habitacionais, a cultura afegã e os indivíduos que colaboram com o projeto. Em contrapartida, os afegãos mostraram a sua percepção sobre a sociedade e sobre o país de acolhimento, evidenciando também que o Afeganistão ainda é um país pouco investigado de uma maneira geral. 

        Foi uma experiência muito satisfatória receber estudantes do 1º ano do ensino médio, com idades entre 15 e 16 anos, para uma pesquisa dessa magnitude, principalmente compreendendo a função social da pesquisa e o impacto não apenas nos estudantes do ensino médio, mas também no retorno do pensamento crítico desses jovens pesquisadores para o Instituto Estou Refugiado. O projeto interdisciplinar traz muitos benefícios ao Coliving, especialmente no que diz respeito ao diálogo multicultural e intergeracional que pudemos presenciar, além de fortalecer os laços teóricos e práticos.

        Como sujeitos políticos, os afegãos colaboraram com a pesquisa ao receber os estudantes do Colégio Oswald em seus lares. Por sua vez, fizeram perguntas e conheceram alguns dos estudantes que participaram da roda de conversa. Durante o encontro, alguns jovens compartilharam suas percepções, histórias individuais e um pouco sobre sua ancestralidade. Nesse sentido, o encontro com os jovens destacou a diversidade étnica e cultural do povo brasileiro, introduzindo novos conceitos aos refugiados acolhidos pela Estou Refugiado. Os jovens, ao compartilharem suas histórias com naturalidade, demonstraram que as diversas diásporas recebidas ao longo dos anos no país foram enriquecedoras para a sociedade. Eles evidenciaram que, de alguma forma, estamos inseridos nessa cultura brasileira de múltiplas matrizes e origens.

        Primeiramente, tivemos um encontro coletivo que aconteceu de maneira espontânea entre os estudantes e os afegãos, realizado em português, língua à qual os afegãos estão expostos; depois os estudantes seguiram para a coleta de dados nos apartamentos. Os afegãos que os receberam nos lares foram bastante acolhedores e receptivos ao projeto. Eles, como anfitriões, serviram quitutes regionais: samosas vegetarianas e Khajor (um doce típico que lembra um bolinho de chuva). 

        O envio do resultado da pesquisa à ONG representou um verdadeiro exercício ético-político por parte dos professores Cíntia Nigro (Geografia), Vania Andrade (Matemática) e Tarso Loureiro (Sociologia). Portanto, expressamos nosso apreço aos envolvidos pelo projeto educacional e pela contribuição dos estudantes no desenvolvimento do pensamento crítico, em conformidade com os princípios da dignidade da pessoa humana, garantindo os Direitos Humanos e a proteção das liberdades fundamentais.

        Sobre o Afeganistão

        O Afeganistão, localizado na Ásia Central, pertence ao conjunto de países da região do Oriente Médio. O país tem uma população de 41 milhões de habitantes. Com uma geografia montanhosa e diversa, é conhecido por sua história turbulenta e sua posição estratégica no cruzamento de importantes rotas comerciais e culturais, como, por exemplo, a rota da seda. Ao longo dos séculos, o Afeganistão foi palco de várias conquistas, invasões e conflitos internos.

        Durante o século XX, o país passou por um período de modernização e instabilidade política, incluindo um golpe de Estado em 1973 e a invasão soviética em 1979, que desencadeou uma década de guerra civil e resistência mujahidin, (em língua árabe são “aqueles que fazem jihad” ou “combatentes pela fé”), apoiada pelos Estados Unidos. Nesse contexto geopolítico, o país sofreu abalos para a reconstrução de um sistema democrático de governo.

        Após a retirada das tropas soviéticas em 1989, o Afeganistão mergulhou em uma guerra civil devastadora, que culminou na tomada do poder pelo governo do Talibã em 1996, que impôs severas normas sociais, uma interpretação rigorosa da lei islâmica, e que enfrentou críticas internacionais devido às violações dos direitos humanos, especialmente no que tange aos direitos das mulheres.

        Com os ataques de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para derrubar o Talibã, acusado de abrigar Osama bin Laden e membros da Al-Qaeda. Embora o Talibã tenha sido inicialmente derrubado do poder, o movimento insurgente persistiu, desafiando a presença das forças internacionais e do governo afegão.

        Depois anos de conflito e esforços de reconstrução, as forças internacionais começaram a se retirar do Afeganistão, após a introdução de uma suposta democracia e reorganização social.  Isso culminou com a retirada completa das tropas americanas em agosto de 2021. Pouco depois, com o fim da influência americana, o Talibã lançou uma ofensiva relâmpago, retomando o controle do país e estabelecendo um novo governo. Atualmente, o Afeganistão enfrenta desafios significativos, incluindo a reconstrução pós-guerra, a questão da governança e dos direitos humanos, a segurança interna e a pressão econômica. O futuro do país permanece incerto, enquanto o Talibã busca ganhar legitimidade nacional e lidar com a oposição interna e externa.