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        Dia Internacional das Mulheres: ampliação dos direitos e equidade de gênero

        Dia Internacional das Mulheres: ampliação dos direitos e equidade de gênero

        NO INSTITUTO ESTOU REFUGIADO, MAIS DE 80% DO QUADRO DE COLABORADORES É DO GÊNERO FEMININO

        A presença feminina não é marcante apenas na fundação da ONG, ela continua no desenvolvimento e crescimento das atividades da Estou Refugiado.  Mais de 80% das nossas colaboradoras, funcionárias e voluntárias são mulheres capacitadas e comprometidas com a causa das pessoas em situação de refúgio. Mesmo em uma sociedade ainda fortemente marcada pela desigualdade de gênero, em que disparidade salarial, machismo e misoginia se fazem presentes, iniciativas idealizadas, implementadas e geridas por mulheres destacam-se por sua qualidade e compromisso.

         Tendo consciência desses desafios, mas também das grandes capacidades das mulheres, o trabalho da Estou Refugiado adota uma abordagem interseccional. Levamos em consideração tanto questões de gênero, quanto de raça e etnia, sabendo que todos esses pontos se entrelaçam, formando um complexo panorama cultural de cada povo. 

        Buscamos colocar em prática essa abordagem nas nossas atividades de acolhida, inserção cultural e busca pelo primeiro emprego no Brasil. No nosso trabalho, notamos também a forte presença das mulheres entre as refugiadas acolhidas pela organização. As mulheres refugiadas que chegam ao Brasil possuem perfis diversos. Elas desempenham as mais variadas profissões – como dentistas, fotógrafas, artistas – ligadas a diferentes áreas do conhecimento. 

        Possuem diferentes idades e histórias pessoais, algumas são mães de família que chegam ao Brasil com seus filhos, outras ainda não conseguiram trazer seus filhos, mas sonham com o reencontro e união de toda a família. Porém, em comum, todas partilham histórias de resistência e luta por seus direitos e liberdades. 

        A história da organização passa também pela sensibilidade de mulheres fortes que questionam o sistema e os padrões pré-estabelecidos como foi o caso da presidente e fundadora da Estou Refugiado. Em 2019, Luciana Capobianco estabeleceu o Instituto Estou Refugiado, uma organização dedicada a fornecer networking e oportunidades de emprego para milhares de refugiados. 

        Tornou-se uma figura proeminente na conscientização sobre a situação dos refugiados, sendo reconhecida, em 2023, com o Prêmio Faz a Diferença, na categoria mundo, por sua notável contribuição para a integração social dos refugiados por meio do emprego. No mesmo ano, lançou o livro “Histórias reais de mulheres em situação de refúgio no Brasil: Afeganistão, Moçambique, Venezuela, Ucrânia”.

        Além disso, desempenha um papel ativo no CONFEM (Conselho Superior Feminino), o conselho feminino da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), defendendo práticas mais igualitárias no mercado de trabalho. Ela lidera iniciativas voltadas para a promoção da igualdade de gênero, o empoderamento feminino e as questões relacionadas ao refúgio.

        São diversos os problemas relacionados ao refúgio e à igualdade de gênero, especialmente no que diz respeito aos direitos fundamentais das mulheres. É evidente a insegurança enfrentada por elas em várias partes do mundo, sobretudo em países onde o estado democrático de direito está fragilizado devido a governos ditatoriais. Podemos observar exemplos disso no Afeganistão.

        Nos últimos anos, o fluxo de refugiados afegãos aumentou, principalmente devido à tomada de poder por parte do Talibã no país. O Brasil oferece visto humanitário aos afegãos e viu a procura pelo refúgio aumentar. Segundo dados da ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), já são 5,7 milhões de refugiados afegãos no mundo, sendo o Afeganistão um dos três países que mais viram os seus cidadãos serem forçados a deixar o país de origem. No Brasil, mais de 10 mil refugiados são afegãos, que chegaram nos últimos dois anos. Desses, 631 são meninas e 956 mulheres. Sobretudo as mulheres afegãs são vítimas da violência e das leis restritas do Talibã. Assim, elas encontram no Brasil a possibilidade de retomar o direito de trabalhar, viver com liberdade e reconstruir seus sonhos. 

        O olhar interseccional que inclui uma lente para pensar as questões de gênero é essencial para desempenharmos o trabalho de acolhida das refugiadas com cada vez mais cuidado, compromisso e qualidade. O Dia Internacional da Mulher é uma data não apenas para celebrarmos as mulheres, mas para manter a consciência viva dos desafios ainda enfrentados e da grande capacidade que possuímos de transformar a sociedade, de forma a continuarmos defendendo nossos direitos.